AGRONEGÓCIO
Cepea aponta crescimento da produção de algodão e Brasil como maior exportador
Publicado em
2 de janeiro de 2025por
infocoweb
Em seu balanço de 2024, o Cepea destacou o contínuo crescimento da produção de algodão em pluma no Brasil, que, pelo terceiro ano consecutivo, registrou avanços significativos. Este desempenho permitiu que o país superasse os Estados Unidos, tornando-se o maior exportador mundial da pluma, após mais de 30 anos de liderança dos norte-americanos, que ocupavam a primeira posição desde a safra 1993/94.
O aumento da área plantada foi um dos principais responsáveis por esse crescimento. A safra 2023/24 registrou a maior área semeada desde 1991/92, com 1,944 milhão de hectares, o que representa uma expansão de 16,9% em relação ao ano anterior. Esse aumento reflete principalmente a boa rentabilidade do setor, a evolução tecnológica e a alta qualidade do produto brasileiro, que segue atraindo o mercado internacional.
Porém, a demanda interna tem mostrado um crescimento mais modesto, o que tem levado ao aumento dos excedentes domésticos. Esses excedentes, por sua vez, têm sido direcionados principalmente para o mercado externo, mantendo o Brasil como líder nas exportações de algodão. Segundo o Cepea, apesar das oscilações dos preços internacionais e do câmbio, o valor da pluma no mercado interno de 2024 oscilou entre R$ 3,81 e R$ 4,36 por libra-peso, dentro de um intervalo relativamente estreito.
No primeiro semestre, os preços internos se mantiveram sustentados, impulsionados pelas valorizações externas. No entanto, no segundo trimestre, as desvalorizações no mercado global e o aumento da oferta interna pressionaram os preços para baixo. Com a chegada da nova safra no terceiro trimestre, os preços se estabilizaram, uma vez que os vendedores priorizaram o cumprimento de contratos a termo, limitando a oferta no mercado spot. No final do ano, as cotações apresentaram uma leve recuperação, impulsionadas pela alta da paridade de exportação, em função da valorização do dólar.
Em relação à produção, a safra 2023/24 foi projetada em 3,7 milhões de toneladas, um aumento de 16,64% em relação à safra anterior, atingindo um recorde histórico. Esse crescimento posiciona o Brasil de forma ainda mais favorável para liderar o comércio mundial de algodão, consolidando sua posição de destaque no setor.
Com uma demanda externa ainda aquecida, especialmente por parte de países como China e nações da Ásia, o Brasil continua se beneficiando da qualidade de sua produção e das condições favoráveis do mercado. O balanço do Cepea, portanto, aponta um futuro promissor para a cotonicultura nacional, com boas perspectivas de crescimento nas exportações e fortalecimento da posição do Brasil como líder global no setor.
Fonte: Pensar Agro
AGRONEGÓCIO
Agronegócio busca alternativas para evitar impactos da moratória da UE nas exportações
Published
10 horas atráson
6 de fevereiro de 2025By
infocoweb
A implementação das exigências da Lei de Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), aprovada pela União Europeia (UE) em 2022, está gerando grande preocupação no agronegócio brasileiro. Com o início da aplicação das novas regras programado para 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas, o Brasil está intensificando as negociações para evitar uma classificação de “alto risco” de desmatamento. Caso o país seja incluído nesta categoria, as exigências para exportar produtos como soja, carne bovina e café para a Europa se tornariam ainda mais rígidas, impactando diretamente as exportações brasileiras.
A EUDR exige que os produtos comercializados na UE sejam rastreados até a origem, com o objetivo de garantir que não venham de áreas desmatadas após 2020. Para isso, os países exportadores serão classificados em quatro níveis de risco: nulo, baixo, médio e alto, com base nos índices de desmatamento e nas políticas ambientais adotadas por cada um.
Embora o Brasil não deva ser considerado de “baixo risco”, uma posição intermediária seria considerada positiva para o agronegócio nacional, já que facilitaria as exportações, mantendo um nível de rastreabilidade compatível com as exigências europeias.
No entanto, as negociações estão longe de serem simples. A legislação brasileira permite o desmatamento legal em determinadas áreas, desde que as propriedades cumpram exigências como a manutenção de reservas legais – áreas de vegetação nativa que devem ser preservadas nas propriedades rurais.
Na Amazônia, por exemplo, é exigido que 80% da área seja preservada, enquanto em outras regiões a porcentagem pode ser menor. Essa flexibilidade é um ponto de discórdia nas conversas com a União Europeia, que defende a meta de “desmatamento zero”. Para o agronegócio brasileiro, essa abordagem europeia não leva em consideração as particularidades das leis nacionais, que buscam equilibrar o uso agrícola com a preservação ambiental.
Além disso, a nova categorização de risco introduzida pela EUDR, que agora inclui a classificação de “nulo”, foi vista com preocupação por setores do agronegócio. A medida tem o potencial de beneficiar países que já passaram por um estágio de expansão agrícola, criando um descompasso em relação a nações em desenvolvimento, como o Brasil, que ainda estão avançando em sua produção rural e em busca de práticas mais sustentáveis.
O presidente do Instituto do agronegócio (IA), Isan Rezende (foto), expressou a preocupação do setor agropecuário em relação à chamada moratória do desmatamento imposta pela União Europeia. Para ele, a imposição de um bloqueio indiscriminado de produtos de áreas desmatadas pode desconsiderar os avanços realizados pelo Brasil na área de sustentabilidade, sem levar em conta o contexto legislativo brasileiro.

Imagem: assessoria
“Temos que entender que o Brasil, ao contrário de outros países, ainda está em um processo de expansão agrícola, e a moratória pode gerar um descompasso. A imposição de regras que não consideram as particularidades da nossa legislação cria um obstáculo adicional ao crescimento do setor”, disse o presidente do IA. Segundo Rezende, o Brasil tem investido significativamente em tecnologias que tornam a produção mais sustentável, mas a pressão da moratória pode inibir esses avanços ao tornar as exportações mais complexas e onerosas.
Rezende também destacou a necessidade de um diálogo mais equilibrado entre as partes envolvidas. “Acreditamos que uma abordagem mais flexível, que leve em consideração as leis ambientais brasileiras, é fundamental para que possamos manter nossa posição como um dos maiores produtores agrícolas do mundo. A moratória, da maneira como está sendo proposta, é um desafio para o setor, mas seguimos confiantes de que, com negociações justas, conseguiremos chegar a um meio-termo”, disse o presidente do IA.
Esses pontos de divergência devem ser tratados nas próximas rodadas de negociações, previstas para ocorrer entre março e abril deste ano, quando a Comissão Europeia deve detalhar mais claramente os critérios de rastreabilidade e as exigências para cada país. A expectativa do agronegócio brasileiro é de que o país seja posicionado de maneira a garantir uma exportação viável para a UE, sem sobrecargas burocráticas e com uma avaliação justa de suas políticas de preservação e uso da terra.
Dessa forma, o Brasil se prepara para um ano de intensas negociações, com o objetivo de ajustar sua legislação e práticas às exigências europeias, ao mesmo tempo em que busca minimizar os impactos econômicos de uma possível classificação de alto risco. A questão do desmatamento legal será central nas conversas, e o desfecho dessas discussões poderá definir o futuro das exportações brasileiras para o mercado europeu nos próximos anos.
Fonte: Pensar Agro


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