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Livro conta a história e a evolução do Teatro Lambe-lambe, arte criada na Bahia que ganhou o mundo

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Obra será lançada dia 22 de abril, às 19h, no Teatro dos Bancários, com noite de autógrafos e apresentações em caixa de espetáculos

Com mochilas nas costas, como se fossem caramujos, artistas do Teatro Lambe-Lambe cruzam fronteiras para encantar e provocar as pessoas que circulam por ruas, praças e parques. Montam as caixas de espetáculos, organizam filas e de um em um o passante se torna espectador de arte. Por um visor, observa-se um mundo miúdo que se agiganta aos olhos. Miniaturas de bonecos e objetos ganham vidas manipuladas minuciosamente pelas mãos de criadores. Como no teatro de proporções humanas, há iluminação cênica, cenário, figurino, trilha sonora, projeções em vídeos e ideias inquietantes. Essa invenção, criada em 1989, em Salvador (BA), move a narrativa do livro “Teatro Lambe-lambe: uma parição brasileira”, que será lançado em Brasília, no dia 22 de abril de 2025, às 19h, no Teatro dos Bancários.

Escrita por Amara Hurtado, Denise Di Santos, Jirlene Pascoal, Mariana Baeta e Sérgio Maggio, a obra compreende tanto o percurso histórico quanto o desenvolvimento da linguagem do Teatro Lambe-lambe. O projeto nasceu de uma inquietação de As Caixeiras Cia. de Bonecas, grupo do Distrito Federal e o primeiro do Centro-Oeste a abraçar o movimento da arte lambe-lambeira.

“Viajando pelo Brasil e pela América do Sul, percebemos que a autoralidade dessa história frequentemente se perdia. Apesar dos registros, aqui e ali, apareciam relatos de que essa arte nasceu por outra via que não fosse pelas mãos de Ismine Lima e Denise Di Santos, duas mulheres nordestinas, bonequeiras e arte-educadoras que pariram o Teatro Lambe-lambe na capital baiana”, conta Amara Hurtado, que integra o coletivo feminino, especializado em Teatro de Formas Animadas, ao lado de Jirlene Pascoal e Mariana Baeta.

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Inspirado no fazer dos fotógrafos ambulantes cujas caixas de madeira eram armadas em tripés na via pública, o Teatro Lambe-lambe nasceu quase por acaso a partir de um problema pedagógico proposto por Denise Di Santos. Para desenvolver aulas de educação sexual, ela confeccionou uma boneca de espuma grávida que, a partir da manipulação com as mãos, dava à luz. Ao demonstrar o trabalho para a amiga Ismine Lima, a criadora foi provocada a realizá-lo num espaço íntimo para pouquíssimas pessoas. É neste momento que Ismine esbarra com aqueles fotógrafos nas praças de Salvador e propõe transportar a narrativa para dentro da caixa contada em poucos minutos. Assim nasceu o espetáculo “A Dança do Parto”, ponto de partida da história do Teatro Lambe-lambe , cujo livro é dedicado à memória de Ismine Lima, que morreu em 2022.

“Estou muito emocionada em transpor toda essa narrativa para um livro que reconta em detalhes essa caminhada. De 30 de setembro de 1989, data que instituímos o nascimento do Teatro Lambe-lambe, até os dias atuais, assistimos ao desenvolvimento incessante dessa linguagem pelas mãos de novos e inquietos artistas. Fomos o ponto de partida para uma arte que se espalha pelo mundo”, orgulha-se Denise Di Santos.

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Com sofisticação técnica e pesquisa dramatúrgica, o Teatro Lambe-lambe impressiona pela busca de uma poética em sintonia com as questões contemporâneas. Dentro das casas de espetáculos, é possível encontrar desde adaptações de clássicos da literatura e do teatro até propostas inéditas sobre temas urgentes como solidão e violências urbanas. “Na pesquisa para escrever o livro, ficou evidente a busca dos artistas lambe-lambeiros em estudar e aprofundar tanto as soluções técnicas quanto os limites dessa linguagem. É impressionante o que pode ser visto e sentido a partir dessa experiência singular, onde o espectador é alçado a um sujeito único”, observa o jornalista, diretor e dramaturgo Sérgio Maggio.

O livro é uma ação do projeto Mistura Geral- Artes Cênicas, termo de fomento assinado entre a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do GDF e o Instituto Transforma com apoio do Teatro dos Bancários.

SERVIÇO:

Teatro Lambe-lambe: uma parição brasileira – De Amara Hurtado, Denise Di Santos, Jirlene Pascoal, Mariana Baeta e Sérgio Maggio, Editora Bloco B, 154 páginas, R$ 50.

Lançamento: 22 de abril de 2025, às 19h, no Teatro dos Bancários (Entrequadras 313/314 Sul), com a presença dos cinco autores. No foyer, haverá apresentações de Teatro Lambe-Lambe. 

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Brasília recebe espetáculo Desassossego em curta temporada com entrada franca

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A peça aborda a falta de oxigênio durante a pandemia e representatividade indígena

 

Inspirado no caos vivido em Manaus durante a crise de oxigênio nos hospitais em janeiro de 2021, o espetáculo “Desassossego” será apresentado nos dias 11 e 12 de julho, no Complexo Cultural Samambaia, como parte do circuito “Desassossego In Loco”. A obra narra, por meio de três personagens, diferentes vivências de dor, luto e reconstrução no pós-pandemia, mesclando estética contemporânea e elementos do teatro clássico em uma abordagem sensível e potente sobre as cicatrizes sociais deixadas pela pandemia. A circulação é realizada pelo Grupo Jurubebas de Teatro, de Manaus, com apoio da Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz 2023.

A montagem, que já percorreu diversos festivais pelo país e acumula sete premiações nacionais, também propõe um diálogo estético influenciado por Grotowski e Odin Teatret, aliando musicalidade, iluminação cênica e uma narrativa comprometida com a memória coletiva. “Essa obra é em homenagem aos mais de 700 mil mortos pela pandemia no país. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, afirma o produtor Robert Moura.

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Criação coletiva

Com direção de Felipe Maya Jatobá e atuação de Robert Moura, Leandro Paz e Nicka, “Desassossego” é resultado de um processo de pesquisa e criação coletiva que se consolidou desde a estreia em março de 2022. A montagem tem como objetivo preservar a memória recente do país, dando voz a histórias reais e promovendo a escuta sensível das marcas da pandemia. O espetáculo já foi indicado como Melhor Grupo de Teatro do Brasil pela Academia de Artes no Teatro do Brasil, com sede em Aracaju (SE).

Roda de conversa

Logo após as apresentações, o público será convidado a participar da roda de conversa “Representatividade Indígena na Cena Contemporânea”, mediada pela historiadora e liderança indígena Kokama Maurille Gomes. O debate será protagonizado por Leandro Paz, ator indígena e protagonista da peça, que destaca: “A ideia é mostrar para o público a forma como nossos corpos encenam sua própria narrativa, deixando um legado de ocupação de espaços nas artes cênicas de todo o Brasil”.

Além disso, o grupo realizará dois dias de residência com artistas locais, promovendo intercâmbio entre as regiões Norte e Centro-Oeste, e duas oficinas abertas ao público que acontecerão nos dias 13 e 15 de julho, no Espaço Cultural H2O, no Recanto das Emas. Inscrições pelo site grupojurubebas.com. Classificação 14 anos.

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O grupo

Fundado em 2016, o Grupo Jurubebas de Teatro atua há oito anos com atividades artísticas voltadas à auto ficção, teatro performativo e produção descentralizada, promovendo inclusão por meio de oficinas em zonas periféricas de Manaus e ações direcionadas à comunidade LGBTQIAPN+. O coletivo manauara se destaca por sua atuação engajada em processos de formação, circulação e democratização do acesso ao teatro.

Serviço:

Espetáculo “Desassossego”

Data:  11 e 12 de julho, às 20h

Local: No Complexo Cultural Samambaia (Quadra 301 Conjunto 5 Lote 1 – Samambaia)

Informações: @grupojurubebas

Entrada franca

Não recomendado para menores de 16 anos

Oficina “Luz, Drama, Auto ficção”

Data: 13 e 15 de julho, às 19h

Local: No Espaço cultural H2O (Av. Recanto das Emas, quadra 104, lote 16 sala 201)

Inscrições: grupojurubebas.com

Entrada franca mediante retirada de ingressos no Sympla https://www.sympla.com.br/evento/desassossego/3022043

Não recomendado para menores de 14 anos

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