Em discurso na abertura da COP30, em Belém, Mukhtar Babayev pede ação imediata e reforça metas do Acordo Financeiro de Baku
Azerbaijão oficializou nesta terça-feira a transição da Presidência da COP29 para o Brasil, que agora assume o comando da COP30, realizada em Belém. Em cerimônia marcada por apelos enfáticos, o então presidente da conferência, Mukhtar Babayev, pediu que os países entreguem os compromissos assumidos em conferências anteriores e alertou para a urgência de resultados efetivos.
O gesto encerra um ano de trabalho da presidência azeri, orientada pelo Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, com foco em diálogo, credibilidade diplomática e ambição climática. Ao passar oficialmente o bastão para o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, Babayev destacou que o mundo entrou em “uma década que exige entrega, não debate.”
Cobrança por ação e pelo cumprimento do Acordo Financeiro de Baku
Em seu discurso, Babayev reforçou a importância de concretizar o Marco Financeiro de Baku, acordo histórico firmado na COP29, que estabelece diretrizes para o financiamento climático global na próxima década.
Ele ressaltou que esses compromissos foram assumidos coletivamente, mas dependem de ações individuais de cada país.
“País a país, entrega é o que importa”, afirmou.
O presidente da COP29 voltou a enfatizar três metas financeiras consideradas cruciais para que os países em desenvolvimento consigam reduzir emissões e proteger suas populações:
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Dobrar o financiamento para adaptação até 2025, algo descrito como “urgente”;
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Triplicar os desembolsos dos fundos climáticos da ONU até 2030;
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Mobilizar ao menos US$ 300 bilhões por ano até 2035.
“Os países não conseguem cortar emissões nem proteger suas comunidades se não puderem contar com capital”, alertou.
“Um mundo em mudança não é desculpa para retroceder”
Babayev criticou qualquer possibilidade de retrocesso nos compromissos firmados e lembrou que a instabilidade global já era prevista quando as metas foram negociadas.
“Usaram essas mudanças para justificar o fato de não avançar antes. Elas não podem ser usadas novamente como desculpa para não cumprir o acordado.”
Nas redes sociais, a COP29 também publicou uma “fatura simbólica”, reforçando o valor dos compromissos já assumidos pelos países.
Risco ao processo e esperança para a COP30
O líder alertou que retroceder logo no primeiro ano de implementação do acordo “comprometeria todo o processo.” Ainda assim, expressou confiança no avanço das negociações durante as próximas semanas.
“Ao cumprir promessas antigas, restauramos a fé no sistema. Mostramos que construir novos acordos vale a pena. Desmontamos a desconfiança que tantas vezes vimos. E recuperamos o sentido de propósito das COPs.”