Especialista Daniel Claudino analisa os fatores que estão pressionando os aluguéis para cima e impactando a rentabilidade dos Fundos Imobiliários
O mercado imobiliário brasileiro vive um cenário de contradições. Enquanto os aluguéis continuam a subir, pressionados pela inflação e pela escassez de imóveis, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) enfrentam uma queda significativa em suas rentabilidades. Segundo dados do Índice FII, publicado pela ANBIMA, os FIIs acumularam uma queda de 9,6% em 2023, refletindo a falta de perspectiva de valorização no setor e o impacto das altas taxas de juros.
De acordo com Daniel Claudino, especialista em mercado imobiliário, o aumento dos aluguéis é um reflexo da inflação crescente, que já acumula 5,79% nos últimos 12 meses, e da alta demanda por imóveis em várias capitais do país. “A inflação e a alta nos juros afetam diretamente os preços dos aluguéis, pois, enquanto os custos de manutenção e os impostos aumentam, a oferta de imóveis continua restrita, especialmente em áreas mais valorizadas”, explica Claudino.
Em 2023, o preço médio do aluguel residencial aumentou 7,4% em comparação ao ano anterior, de acordo com o Índice FipeZap, uma referência para o mercado imobiliário. Esse aumento é impulsionado principalmente pelas grandes cidades, como São Paulo, onde o aluguel médio mensal para imóveis de 70m² subiu para R$ 2.800,00, refletindo um aumento de 8,1% no último ano.
Por outro lado, os investidores em FIIs estão enfrentando desafios. A rentabilidade dos FIIs caiu substancialmente, em grande parte devido à falta de valorização dos imóveis no mercado e ao aumento das taxas de juros, que atualmente estão em 13,75% ao ano, segundo o Banco Central. “Os FIIs, que historicamente têm sido uma opção atrativa para quem busca renda passiva, não estão performando como antes. Com a alta nos juros, os investidores estão se afastando dos FIIs, em busca de investimentos mais seguros, como títulos públicos e CDBs”, analisa Claudino.
Para o futuro, a expectativa é de uma estabilização nos preços dos aluguéis, mas a recuperação dos FIIs dependerá de fatores como a redução das taxas de juros e a recuperação da confiança no setor imobiliário. “O cenário para os FIIs pode melhorar se o ciclo de juros altos for interrompido e se houver uma retomada econômica que impulsione a demanda por imóveis comerciais e residenciais”, afirma Claudino.